Apesar do posto de ritmo oficial que o forró ocupa no São João de
Pernambuco, também há espaço para outros ritmos. Por exemplo, em Arcoverde, no Sertão, quem reina é o coco - tanto que o ritmo ganhou um polo próprio, no bairro do Cruzeiro.
Nem sempre o coco foi tão valorizado como é agora, como se lembra o
mestre Cícero Gomes, do Coco Trupé, que canta desde os quinze anos. "Eu
nasci no coco, brinco desde os oito anos, mas na década de 60 e 70,
eramos meio discriminados. Só brincávamos no São João e olhe lá, hoje
podemos tocar durante o ano, fazer festa e até tocar no palco
principal", conta, orgulhoso, Cícero.
As apresentações antigamente aconteciam em cima de caminhões, os grupos
de coco, em especial com Ivo Lopes. "Sempre teve coco no São João daqui,
só que acabou meio esquecido depois da morte do mestre Ivo. Foi em 1992
que meu tio, Lula Calixto, começou a ensinar a dança nas escolas",
lembra Iran Calixto, tesoureira e vocalista do Coco Raízes de
Arvcoverde.
O ritmo é dado pelo surdo, triângulo, pandeiro, ganzá e os tamancos de
madeira, que batem no chão durante a dança, dando o som que só o coco do
Sertão tem. "A origem do coco do litoral é a mesma da nossa, o que é
diferente é que nossa pegada é mais firme", explica Cícero. "A dança e a
batida são diferentes, o ritmo é um pouco mais rápido", diz Iran.
Outro ponto do coco, ou samba de coco, é o figurino. "A roupa é simples e
tem que ter babado nos vestidos, nada de colocar bico. O vestido
tradicional do coco é com babado e a roupa dos rapazes é uma camisa
estampada, a calça pode ser lisa", avisa Maria José de Souza, que já
cuidou das roupas do Coco Raízes de Arcoverde, mas atualmente é a
figurinista oficial do grupo de coco do marido, o Trupé.

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